Quando se espera um filho, a família, os amigos e os colegas de trabalho mobilizam-se para apoiar o casal: oferecem presentes e enviam mensagens encorajadoras para felicitar os futuros pais por esta nova fase, simultaneamente maravilhosa e desafiante. A preparação para o nascimento de um filho é, normalmente, acompanhada de um sentimento de orgulho quando os pais pensam no modo como o educarão e de que forma os seus conhecimentos e experiências irão influenciar o desenvolvimento da criança.

Imaginemos uma experiência de vida semelhante mas no polo oposto. Um membro da família envelhece e passa a necessitar da ajuda dos familiares. Estes querem ajudar e aproveitar ao máximo o tempo que lhes resta juntos. Contudo, quando esta notícia é partilhada com os amigos, colegas e até outros membros da família, as reações habituais não são minimamente semelhantes: “Eu não era capaz! Porque é que o estás a fazer?” Ou, mais frequentemente, “porque é que não o(a) pões num lar? Tens muito menos preocupações.”

É compreensível que este tipo de reações assustem os futuros cuidadores e os levem a questionar-se e a recear esta nova fase. Dúvidas como: “Porquê eu? Porque é que tenho de ser eu a ter esta responsabilidade?”, podem diminuir a capacidade de lidar eficazmente com as novas responsabilidades como cuidador. Mais ainda, estes receios afetam a compreensão da importância que este papel tem para a pessoa incapacitada, para a família e para o próprio cuidador.

“Os anos como cuidador: seis etapas para uma experiência enriquecedora” procura exatamente responder a estes problemas. Tal como nos livros de preparação para a paternidade, “Os anos como cuidador” descreve o que se pode esperar durante essa experiência. Um cuidador informado, que saiba o que procurar e o que fazer, poderá passar mais tempo a transformar esta fase numa experiência enriquecedora para a pessoa de quem cuida, para a família e para si.

Nesta secção irá encontrar seis etapas diferentes, para as quais terá uma palavra chave, um objetivo e um plano de ação. A doença e o diagnóstico da pessoa a seu cuidado serão determinantes para a velocidade de passagem por cada uma das fases e, independentemente da duração de cada uma delas, que pode variar entre os diferentes cuidadores na família, as emoções e experiências vividas serão semelhantes.

Eu posso vir a ajudar.

 

1ª Etapa: O cuidador expectante.

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Num futuro próximo pode tornar-se cuidador de um familiar ou amigo.

 

 

 

Qual é o seu caso?

Está preocupado com o facto de um familiar ou amigo poder vir a precisar da sua assistência num futuro próximo. Preocupam-no também a idade avançada, evolução do estado de saúde e as condições de vida desta pessoa.

 

A palavra-chave: Perguntar

– Faça perguntas sobre a pessoa a seu cuidado;

– Faça perguntas sobre profissionais de saúde;

– Faça perguntas sobre advogados e gestores financeiros;

– Faça perguntas sobre os familiares que participarão da prestação de cuidados.

 

O desafio

Aprender e identificar as necessidades da pessoa a seu cuidado: financeiras, emocionais e de saúde.

 

O objetivo

Se pode vir a tornar-se cuidador, este é o tempo ideal para se preparar. Deve procurar opções, reunir informação e dar oportunidade à pessoa de quem irá cuidar de partilhar os seus sentimentos e valores. Esta é também a altura para cuidar de si – manter-se próximo da família e amigos, desfrutar dos seus passatempos e interesses ou ir à conquista dos seus objetivos de carreira.

 

O que pode fazer?

  1. Procurar os conselhos de um advogado familiarizado com as questões dos cuidados na terceira idade. Informe-se sobre testamentos em vida e procurações para assuntos financeiros e de saúde. Inicie as diligências necessárias para garantir que a pessoa que irá ficar a seu cuidado tem todos os documentos legais em ordem. Pergunte ao advogado: quais os documentos e ações necessárias para estar preparado para o futuro? Quais os principais fatores a ter em mente? Uma procuração para assuntos financeiros e de saúde designa um agente para a tomada de decisões em nome da pessoa quando esta estiver incapaz de o fazer. Se essa pessoa vive num país diferente do seu, deve considerar a possibilidade de ser necessário obter uma procuração válida nos dois países.
  2. Informar-se sobre a situação financeira. Conhecer a situação financeira da pessoa de quem irá cuidar, ajudá-lo-á a definir opções no que toca aos cuidados de saúde. Informe-se sobre os rendimentos mensais relativos a pensões e segurança social. Procure saber mais sobre anuidades, investimentos e diferentes opções de contas bancárias. Marque reuniões com gestores financeiros para garantir a maior duração possível dos investimentos.
  3. Pesquisar opções de cuidados de saúde comunitários. Quais as agências de cuidados de saúde ao domicílio que oferecem soluções económicas e de qualidade? Quais as soluções de alojamento disponíveis – casas de repouso, centros de residência assistida? Contacte organizações comunitárias para mais informação.

Adicionalmente, deve ter em consideração as atuais condições de vida do seu familiar ou amigo. A casa tem condições que permitam que a pessoa continue a viver em segurança se precisar de uma cadeira de rodas ou ficar acamada? O que pode fazer para eliminar obstáculos que dificultem a futura prestação de cuidados? As alterações necessárias são impraticáveis? Se sim, quais as opções disponíveis: a sua casa, um centro de dia, um lar para idosos?

  1. Informar-se sobre prestadores de cuidados de saúde. Familiarize-se com os médicos, enfermeiros e restante equipa de saúde. Procure obter o máximo de informação possível sobre as opções terapêuticas disponíveis.
  2. Concentrar-se nas situações reais. Mantenha uma perspetiva realista sobre a situação. O que é o pior que pode acontecer? Qual é o melhor cenário possível? Determine as opções disponíveis para cada um destes cenários.
  3. Iniciar um diário: registar o que sente, as preocupações e ações. A intensidade dos sentimentos de perda pode surpreendê-lo(a). Preparar o futuro permite ao cuidador antecipar as suas possíveis perdas e as da pessoa de quem irá cuidar. Ambos irão passar por mudanças na sua relação, horários e autonomia. Registe aquilo que pensa que pode vir a perder e as formas de adiar estas perdas através de pequenos ajustamentos e mudanças.
  4. Dedicar tempo aos seus próprios problemas. A prestação de cuidados dificulta a vida do cuidador, sobretudo quando os níveis de exigência aumentam. Isto pode tornar-se ainda mais difícil se houver problemas por resolver com os seus familiares ou com a pessoa de quem irá cuidar. Tem dificuldade em pedir ajuda? Esta é uma boa altura para descobrir o porquê e começar a fazê-lo. Saber quando e como pedir ajuda é um recurso importante e que será de grande utilidade no futuro. Tem dificuldade em afirmar-se ou em fazer-se ouvir? Esta é uma boa altura para trabalhar com um psicoterapeuta de forma a ganhar confiança nas suas decisões e convicções.
  1. Procurar estar em boa forma física e financeiramente estável. Defina uma rotina de exercício físico que lhe agrade e faça uma alimentação saudável. Pague as suas dívidas e poupe tanto quanto puder. Irá precisar estar no seu melhor – fisicamente, emocionalmente e financeiramente.
  2. Procurar saber mais sobre a história de vida da pessoa de quem irá cuidar. Documente a história de vida dessa pessoa num diário, vídeo ou gravação áudio. Recolha receitas, fotografias, cartas, poemas e álbuns que representem a vida e os feitos dessa pessoa. Faça perguntas sobre a infância, pais, irmãos e primeiros romances. Envolva a família, incluindo as crianças, nestas conversas.
  3. Acreditar que é amado. As batalhas internas são, provavelmente, as mais difíceis que o cuidador tem de enfrentar. A maior parte delas está relacionada com dúvidas sobre se somos amados pela pessoa de quem cuidamos, pelos nossos familiares, amigos ou parceiro(a). Vença essa batalha: acredite que estas pessoas gostam de si e interiorize esta ideia para que no futuro se sinta mais confiante.
  4. Conselho do dia: O que pode fazer para se manter saudável? Cuide de si! A sua saúde é extremamente importante e não deve ser descurada.

Dica: Organize todos os formulários e documentos de que possa vir a necessitar no futuro.

Estou a começar a ajudar.

 

2ª Etapa: O cuidador inexperiente.

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Iniciou a prestação de cuidados a um familiar ou amigo.

 

 

 

 

Qual é o seu caso?

Começou a ajudar o seu familiar com regularidade. As suas tarefas vão desde fazer recados e pagar contas até prestar cuidados efetivos.

 

A palavra-chave: Encontrar

– Encontre serviços que o possam ajudar;

– Encontre apoios que lhe deem mais conforto;

– Encontre formas de continuar a fazer os seus passatempos e explorar os seus interesses.

 

O desafio

Descobrir soluções eficazes.

 

O objetivo

Iniciou o seu papel de cuidador. Esta é a altura para experimentar e descobrir o que funciona melhor no seu caso. É também a oportunidade ideal para aprender de que maneira a indústria dos cuidados de saúde pode funcionar a seu favor ou, em algumas situações, contra si. É neste momento que irá moldar a sua personalidade como cuidador: Quais as tarefas com que está confortável? Quais as tarefas que o deixam desconfortável? Que  impacto é que esta mudança teve em si e na sua carreira? Que situações poderiam causar dificuldades esmagadoras para ambos?

É também neste momento que irá desenvolver uma maior sensibilidade para as despesas e necessidades da pessoa a seu cuidado.

Mantenha os seus passatempos e interesses de maneira a garantir que conserva o hábito de dedicar tempo a si e ao que lhe dá prazer.

 

O que pode fazer?

1. Aprender tudo o que puder sobre a doença ou condição da pessoa a seu cuidado. Contacte as representações locais e as associações nacionais dedicadas a essa doença. Procure saber o que o futuro vos reserva.

2. Aprender a prestar cuidados de forma adequada através dos profissionais da saúde, de vídeos, de manuais ou de livros. Se a pessoa está hospitalizada ou recebe tratamentos de curto prazo num lar, peça aos profissionais que lhe ensinem as técnicas adequadas para levantar, movimentar e dar banho. Pode também fazer pesquisas na internet relativas a estas técnicas.

É muito difícil prestar cuidados quando não se está certo do que fazer. Estar informado vai fazê-lo sentir-se confiante das suas capacidades.

3. Inscrever-se num grupo de apoio online ou da sua comunidade. Ser cuidador é uma tarefa que provoca algum isolamento. Os grupos de apoio irão colocá-lo em contacto com pessoas que estão a passar por situações semelhantes. É muito frequente outros cuidadores ajudarem a descobrir novos recursos de apoio dentro da comunidade.

4. Planear folgas regulares. Organize períodos de descanso regulares de acordo com o que lhe for possível gerir – uma hora por dia, uma tarde por semana, ou um dia por mês. Recorra à ajuda de familiares e/ou serviços comunitários (como o grupo de voluntários da igreja local). O apoio familiar pode ser dado de muitas maneiras: financeiramente, socialmente e/ou com apoio temporário.

5. Recorrer aos serviços de apoio de organizações comunitárias. Os serviços comunitários de refeições ao domicílio, as agências de cuidados ao domicílio e os centros de dia são apenas alguns exemplos de organizações que podem ajudá-lo na prestação de cuidados.

Contacte a sua Junta de Freguesia e peça uma lista das organizações e serviços disponíveis na sua localidade. Visite as farmácias mais próximas e contacte empresas de tecnologia que comercializem produtos de apoio à prestação de cuidados. Isto permitir-lhe-á conhecer equipamentos que podem aumentar o grau de autonomia da pessoa a seu cuidado. Lembre-se: permitir que o ajudem é um sinal de força.

Informe-se sobre programas locais ou estatais de apoio financeiro. Saber os programas que o podem ajudar e, ao mesmo tempo, perceber a capacidade financeira da pessoa de quem cuida, irá ajudá-lo a planear melhor o futuro.

6. Ter em consideração as vontades e opiniões da pessoa a seu cuidado. Caso seja apropriado, peça-lhe opinião sobre os cuidados prestados e pergunte se tem alguma sugestão.

Será que ele(a) ainda se sente bem a viver em casa? Quais são os seus receios? Também deve colocar a si mesmo estas perguntas.

7. Registar as mudanças no seu diário. Como se sente? O que o preocupa? Quais são os seus medos? Para que cenários está a trabalhar? Quais as mudanças na relação que mais o entristeceram e quais o reconfortaram?

8. Iniciar um segundo diário onde regista as suas responsabilidades como cuidador e as necessidades da pessoa a seu cuidado. Anote todas as alterações no estado de saúde da pessoa a seu cuidado de modo a conseguir falar com confiança sobre o que o preocupa com o médico e restante equipa de saúde. Use este diário como um manual de cuidados. Esta informação será útil para quando precisar da ajuda de outras pessoas. Mantenha o 1º diário onde regista a sua experiência como cuidador. O que é mais difícil para si neste papel?

9. Organizar reuniões de família regulares. Se vive com outros familiares (incluindo crianças), deve procurar criar uma lista de regras para a casa que deverão incluir:

– Quem faz o quê, como e quando;

– Procedimentos durante discussões, momentos de diversão e celebrações;

– Horários e objetivos das reuniões familiares;

– Expectativas quanto aos apoios e diferentes níveis de participação.

10. Gerir o dinheiro, preparar um orçamento, controlar as despesas e criar um arquivo para as contas e recibos. Mantenha as despesas da pessoa a seu cuidado separadas das suas e da sua família. Controle e guarde os recibos de todas as despesas relativas à pessoa a seu cargo. Se não se sentir capaz de fazer esta gestão, coloque a possibilidade de contratar um profissional como um gestor financeiro ou um gestor de conta do banco que controle a situação financeira e o pagamento das contas relativas à pessoa de quem cuida.

11. Iniciar uma poupança para a contratação de serviços de apoio no futuro. Este fundo monetário tem o intuito de ajudar o cuidador com despesas adicionais, com possíveis opções de lazer e férias e a conseguir ter um plano de recurso. Ponha algum dinheiro de parte mensalmente e permita-se a executar o orçamento com alguma flexibilidade. Use esta poupança com a pessoa a seu cuidado, consigo e na casa.

Este dinheiro deve ser gasto na contratação de serviços de assistência ao domicílio, numa folga merecida ou na compra de jogos ou presentes para a pessoa a seu cuidado. Pode ser também usado para serviços de limpeza e manutenção da casa, de aconselhamento e apoio, de cuidado pessoal, formações e atividades. Convide os membros da família a contribuir para esta poupança.

12. Elaborar um plano de recurso e, depois, elaborar planos de recurso para esse mesmo plano. Pergunte a si mesmo: “E se…?”. Tenha um plano preparado para gerir essas possibilidades.

13. Construir um espaço de privacidade. Exija um espaço para si. Preencha esse espaço da casa com aquilo que mais gosta (livros, chocolates, velas, cadernos, jornais, música, televisão, vídeos, fotografia, álbuns de família) e crie um local agradável e no qual possa ter privacidade.

14. Manter um estilo de vida saudável. Esteja atento aos efeitos do stress, especialmente quando este o leva a comer em demasia ou não lhe permite manter-se ativo. Manter um estilo de vida saudável é uma das melhores defesas contra as consequências do stress.

15. Conselho do dia: O que o ajuda a sentir-se bem no dia a dia? Identifique o que lhe dá prazer e tente aproveitar ao máximo esses momentos.

Estou a ajudar.

 

3ª Etapa: O cuidador experiente.

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Consolidou a sua tarefa como cuidador de um familiar ou amigo.

 

 

 

 

 

Qual é o seu caso?

O contacto com a pessoa de quem cuida é quase diário ou mesmo constante. Esta pode viver consigo ou o seu envolvimento como cuidador pode implicar que todo o seu dia é estruturado de forma a estar disponível para essa pessoa. Começa a questionar-se sobre quanto mais tempo aguentará nesta situação. O seu humor varia entre a boa-disposição (sente orgulho em conseguir prestar bons cuidados e tomar decisões que vão de encontro às vontades e necessidades da pessoa a seu cuidado) e a melancolia. Lamenta frequentemente a perda de capacidades e funções da pessoa a seu cuidado e tem saudades da vida que tinha antes de ser cuidador. Sente-se muito cansado.

 

A palavra-chave: Receber

– Receba ajuda de quem quer que a ofereça;

– Receba férias de ser cuidador;

– Receba apoio.

 

O desafio

Encontrar apoio e força para continuar.

 

O objetivo

Desenvolver uma rotina e criar um horário para si e para a pessoa a seu cuidado. Isto irá ajudá-lo a lidar com o stress e com as responsabilidades, bem como proporcionar-lhe conforto e à pessoa a seu cuidado. Esta poderá ser a etapa mais difícil para ambos. As mudanças para as quais se preparou na 1ª e 2ª etapas são agora uma realidade: transformou-se numa espécie de linha de vida para a pessoa de quem cuida.

Para além da rotina de cuidados, crie uma para si mesmo. Esta deverá incluir: tempo para os imprevistos, um ritual no início e fim de cada dia e uma atividade que o mantenha saudável e cuide das suas necessidades emocionais, físicas e mentais.

 

O que pode fazer?

  1. Determinar os limites do seu dia e do seu papel como cuidador. Durante quanto tempo é que a pessoa a seu cuidado pode ficar em casa? Sente-se confortável a prestar cuidados em sua casa?

Alguns cuidadores não se sentem à vontade quando a pessoa fica incontinente e outros preferem prestar cuidados em casa enquanto a segurança social ou o seguro de saúde são suficientes para cobrir algumas das despesas; outros sentem que só conseguem ajudar enquanto os restantes membros da família (como o(a) esposo(a) ou os filhos) conseguirem lidar com essa situação.

Tão importante como conhecer os limites enquanto cuidador, é reconhecer as limitações do seu dia a dia. Tenha em consideração:

– Quais as tarefas e responsabilidades que colocam mais dificuldades?

– Quais as alturas do dia em que sente mais stress?

– Quando é que dá por si a atrasar-se, a perder a calma ou a improvisar uma solução?

– Quando é que se sente mais receoso ou irritado?

– Quando é que dá por si em conflito com a pessoa de quem cuida?

– Quais as alturas do dia mais difíceis para essa pessoa?

– Quando é que sente que a sua preocupação aumenta?

Conhecer os seus limites permite-lhe procurar ajuda e garante que se coloca a si, à pessoa a seu cargo e à sua família numa posição de segurança.

Todos temos limites, descubra os seus.

  1. Reconhecer os limites da pessoa a seu cuidado. Isto irá ajudá-lo a planear o dia e a organizar os sistemas de apoio. Estes limites irão mudar com frequência por isso deve estar atento às alterações de humor, aos níveis de tolerância e de fadiga. Não sabe a ajuda de que irá precisar? O melhor é prever em excesso.
  2. Manter folgas regulares. Planeie algumas semanas de descanso por ano. Procure opções de repouso de curta duração nos lares da sua localidade ou peça a familiares que assumam o papel de cuidadores durante uma ou duas semanas por ano, ou de dois em dois anos. Continue a tirar folgas diárias, semanais e mensais. Mantenha vivos os seus passatempos e interesses tanto quanto puder. Reserve tempo para apreciar o espaço privado que construiu na 2ª etapa.
  3. Utilizar a poupança para soluções de apoio. Use esse dinheiro para ajudar a combater a rotina, para tirar férias e para fazer planos de recurso.
  4. Manter um sistema de apoio – grupo de apoio de cuidadores, familiares ou amigos sensíveis à situação.
  5. Continuar a estudar sobre a doença ou condição da pessoa a seu cuidado: O que é que se segue para a ele(a)? Está preparado(a) para as próximas etapas da doença?
  6. Continuar a procurar ajuda à medida que condição da pessoa se agrava. Prepare-se para ter de arranjar mais ajuda. Pode pensar que é possível manter o mesmo nível de apoio mas, infelizmente, se não se adaptar às mudanças associadas à prestação de cuidados, pode magoar-se a si e à pessoa a seu cargo. Preste atenção às dificuldades do dia a dia e procure apoio para as enfrentar.
  7. Gerir o orçamento como gere os cuidados que presta. Com o aumento da necessidade de cuidados, dá-se um aumento das despesas. Quando os recursos já não são suficientes para manter o nível de cuidados, deve começar a pensar na hipótese de colocar a pessoa num lar. Reúna a família, consulte profissionais especializados e visite as instalações dos centros locais. Pode concluir que ainda é cedo para tomar este tipo de decisões. O orçamento é, muitas vezes, o fator determinante para a escolha do tipo de local onde irá colocar a pessoa a seu cuidado.
  8. Continuar a escrever nos dois diários.
  9. Perdoar-se pelos maus momentos. É importante aceitar que irá passar por momentos difíceis e permitir-se começar de novo.
  10. Criar limites que o protejam a si, ao seu tempo, aos seus valores, ao seu bem-estar e às suas prioridades. Alguns exemplos de momentos em que comunica os seus limites:

“Vou fazer uma folga de duas horas depois do almoço. Deixei tudo o que irá precisar preparado na sala. Obrigado por me ajudar a desfrutar deste tempo. Agradeço-lhe imenso este apoio.”

“O tom desta discussão está a deixar-me desconfortável. Vamos adiar esta conversa para amanhã.”

– “Estou ocupado(a) por isso não posso atender a esse pedido mas muito obrigado por se ter lembrado de mim.”

12. Dar espaço a si mesmo e à pessoa a seu cuidado para lidar com os momentos difíceis. Quando estiver a passar por uma fase complicada, diga apenas: “Estou a ter um dia mau. Vou tirar alguns minutos para mim.” Quando isto acontecer com a pessoa a seu cuidado, diga apenas: “Lamento que esteja a ter um dia mau. Vou afastar-me por uns momentos”.

13. Conselho do dia: Esta etapa pode fazê-lo sentir-se tentado a abdicar de si. Não se negligencie e continue a incorporar na sua vida aquilo que o faz sentir-se bem.

Ainda estou a ajudar.

 

4ª Etapa: O cuidador pragmático.

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Continua a ajudar um familiar ou amigo.

 

 

 

Qual é o seu caso?

Já passou por tudo: entradas e saídas do hospital, reabilitações de curto prazo em lares e os mais variados serviços comunitários.

Podem começar a surgir dúvidas sobre os conselhos dados pelos profissionais da saúde: já utilizou o sistema de saúde vezes suficientes para saber que, por vezes, estes profissionais não têm sempre presentes os seus interesses.

Pode também surgir alguma preocupação entre os membros da família e/ou profissionais de saúde que sentem que o cuidador encara de ânimo leve a prestação de cuidados ao encontrar humor em situações difíceis ou potencialmente ofensivas. Esta atitude é vista como fria ou pouco humana, o que não poderia estar mais longe da verdade. O cuidador desenvolveu uma abordagem pragmática e realista em relação ao seu papel e usa o sentido de humor como ferramenta fundamental para a superação das dificuldades.

 

A palavra-chave: Aceitar

– Aceite as alegrias da sua relação;

– Aceite o perdão (de si mesmo, da pessoa de quem cuida, de outros familiares e amigos);

– Aceite partilhar atividades.

 

O desafio

Conhecer-se melhor a si e à pessoa a seu cuidado.

 

O objetivo

Conhecer-se melhor a si e à pessoa a seu cuidado. Já se habituou ao papel como cuidador e à rotina da prestação de cuidados. Este é o momento para se distanciar e refletir. As três primeiras etapas prepararam os alicerces daquilo que deverá trabalhar agora: o seu crescimento e desenvolvimento pessoal.

 

O que pode fazer?

  1. Trabalhar para encontrar alegria na relação com a pessoa a seu cuidado. As tarefas de contacto direto são as mais desafiantes: dar banho, vestir, lidar com a incontinência, etc. Contudo, são também as tarefas que mais vos aproximam. Faça com que estes cuidados se tornem divertidos: cantem canções, contem piadas, partilhem sonhos e objetivos.
  2. Perdoar as mágoas do passado. O ressentimento relativo a erros do passado pode tornar o papel como cuidador muito difícil. Deve esquecer estas mágoas e concentrar-se em tornar o presente saudável e produtivo. Perdoar o familiar ou amigo a seu cuidado é uma das melhores maneiras de cuidar de si.
  3. Divertir-se nas atividades conjuntas. Desenvolva uma rotina em que estão juntos não só como cuidador e dependente mas também como marido e mulher, mãe e filha, pai e filho. Libertarem-se da exclusividade destes papéis irá dar-vos a capacidade de apreciar melhor o tempo juntos.
  4. Começar a pensar no futuro. Quais os objetivos que ainda pretende alcançar? Como é que o pode fazer? Como é que a pessoa a seu cuidado o(a) pode ajudar a alcançá-los?
  5. Conselho do dia: O que é que o(a) faz sentir bem no dia a dia? Pode apetecer-lhe fazer coisas novas e isso é um ótimo sinal! Continue a dedicar tempo às coisas que lhe dão prazer.

A mudança.

 

5ª Etapa: O cuidador em transição.

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O meu papel está a mudar.

 

 

 

Qual é o seu caso?

Presta cuidados há algum tempo e consegue pressentir que a vida da pessoa de quem cuida está a chegar ao fim.

 

A palavra-chave: Permitir

– Permita-se tempo para fazer o luto;

– Permita que as memórias perdurem;

– Permita-se refletir sobre o que foi esta experiência.

 

O desafio

Parar de “trabalhar” como cuidador e focar-se em “ser” cuidador. Este é o momento para desfrutar simplesmente do seu familiar ou amigo.

 

O objetivo

Acompanhar a pessoa nestes últimos momentos e aplicar as decisões dele(a) relativamente aos cuidados de fim de vida discutidos durante a 1ª Etapa (ou tão cedo quanto foi possível). Nesta fase, em que ambos sentem que o percurso está a chegar ao fim é também tempo para fazer o luto. Esta etapa centra-se em acarinhar a pessoa e em sentir-se grato pelo caminho que fizeram juntos. É também a altura em que se irá começar a questionar sobre o próximo capítulo da sua vida.

 

O que pode fazer?

  1. Usar a sua experiência e capacidade de avaliação para decidir quando tirar uma folga. O tempo que dispõem com a pessoa a seu cuidado é limitado. Confie nos seus instintos. Se for pressionado(a) para fazer um intervalo e sentir que não é o momento adequado, diga: “A minha prioridade agora é estar com ele(a). Agradeço a sua preocupação mas estou bem.”
  2. Permitir-se tempo para fazer o luto. Está a passar por uma perda tremenda. Deve dar tempo para lidar com esses sentimentos.
  3. Recordar a pessoa a seu cuidado. Não é necessário livrar-se das roupas ou arrumar as fotografias enquanto não se sentir preparado. Quando os familiares e amigos lhe parecerem hesitantes em falar da pessoa por estarem preocupados consigo, tranquilize-os dizendo-lhes que partilhar memórias, sorrisos e histórias lhe traz conforto emocional.
  4. Lembrar com orgulho as suas responsabilidades e decisões como cuidador. Encontre conforto na noção de que fez o melhor que podia.
  5. Reler o diário. O que mudou para si desde o dia em que começou a escrever este diário? Como irá usar esta experiência para melhorar as suas relações futuras?
  6. Conselho do dia: Respeite os seus sentimentos e o seu tempo.
  7. Depois de cuidar. Entre em contacto com outros cuidadores para que o ajudem a adaptar-se a esta nova fase.

O fim

 

6ª Etapa: O cuidador bem sucedido.

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O meu papel como cuidador terminou.

 

 

 

Qual é o seu caso?

O papel como cuidador terminou há mais de dois anos. Sente-se impelido a ajudar outros cuidadores e partilha prontamente informação sobre as primeiras etapas. Decidiu iniciar um negócio dedicado a ajudar outros cuidadores de família ou trabalha como auxiliar de prestação de cuidados. Sente que valoriza mais as suas relações por ter uma maior consciência da fragilidade da vida e de que a saúde não deve ser tomada por garantida.

 

A palavra-chave: Valorizar

– Valorize os seus sonhos;

– Valorize os desafios que enfrentou e as novas oportunidades e capacidades que estes lhe trouxeram;

– Valorize a oportunidade de partilhar a experiência ganha;

– Valorize as memórias que tem da pessoa de quem cuidou.

 

O desafio

Integrar a experiência como cuidador nesta nova etapa da sua vida.

 

O objetivo

Aplicar o que aprendeu como cuidador e colher os frutos dessa experiência.

 

O que pode fazer?

  1. Seguir os seus sonhos. Transforme os seus objetivos em realidade.
  2. Aceitar ser visto como mentor e líder por outros cuidadores de família. Permita que outros cuidadores errem nas primeiras etapas e tranquilize-os assegurando-lhes que o mesmo se passou consigo. Partilhe a sua experiência com os cuidadores que estão a passar pelas diferentes etapas pelas quais passou. Eles podem aprender muito consigo.
  3. Valorizar as memórias da pessoa de quem cuidou. Mantenha viva a memória dessa pessoa através de rituais regulares, como comer um doce especial na data do aniversário dele(a) ou plantar uma árvore em sua memória. Reler o seu diário é também uma boa maneira de o recordar. Não se esqueça que a melhor homenagem que pode fazer a essa pessoa é ter uma vida recheada de relações saudáveis, alegria e uma carreira produtiva.
  4. Depois de cuidar. Entre em contacto com outros cuidadores para que o ajudem a adaptar-se a esta nova fase.
  5. Conselho do dia: Aprendeu muito enquanto cuidador. Reflita sobre a melhor maneira de usar estes conhecimentos na construção do seu futuro. Como é que evoluiu? O que gostava de tentar a seguir?

Gentilmente cedido por

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