A Maria tem 40 anos, é mãe de duas raparigas, a Kathy e a Sophie (8 e 5 anos, respetivamente) e trabalha a tempo inteiro como secretária num escritório de advogados. A sua mãe, Helen, de 78 anos, foi recentemente diagnosticada com a doença de Alzheimer. A Helen foi sempre muito independente e nunca quis que as pessoas dependessem muito dela. Ela vive numa casa perto da sua filha Maria.

Antes do diagnóstico, a Maria visitava a mãe cerca de 3 a 4 vezes por semana, mas a situação alterou-se e agora tem de ir vê-la todos os dias. A Helen não aceita que se contrate alguém para cuidar dela pois tem medo que a roubem. Recentemente, a Maria pediu ao seu empregador que lhe reduzisse o número de horas ou dias de trabalho pois está preocupada com os cuidados e atenção que também tem de dar às suas filhas. O seu marido também pediu para que lhe reduzissem o número de horas de trabalho para poder estar com as crianças.

Há dois dias atrás, a Maria fez uma pesquisa na internet sobre a doença de Alzheimer e, felizmente, encontrou uma linha de apoio para cuidadores de pessoas com demência.

O caso da Maria é um bom exemplo de um cuidador sanduíche. O cuidador sanduíche é aquele que tem de alternar entre cuidar dos filhos (com ou sem deficiência) ou de um cônjuge incapacitado, e de um familiar idoso.

Uma recente pesquisa feita pela Carers UK no Reino Unido (vamos tomar o exemplo deste país neste tema), revela que a geração de pais sanduíche está emocional e financeiramente sobrecarregada pelas pressões de criar os filhos paralelamente ao cuidado de familiares idosos.

Esta pesquisa mostrou que quatro em cada dez cuidadores sanduíche (42%) debatem-se para conseguir lidar com o impacto que ser cuidador tem nas suas carreiras, situação económica e relações familiares.

Três quartos dos cuidadores sanduíche entrevistados para esta pesquisa sofreram uma perda de rendimentos e 95% afirmou que a pressão afetou a sua capacidade de trabalho. Como resultado, mais de metade (52%) disse que o custo de cuidar dos familiares idosos, reduzia significativamente as finanças familiares – ainda mais do que o número de pais que se debate com os custos com os filhos menores (50%).

A pressão de assumir simultaneamente a responsabilidade para jovens e idosos também coloca a vida familiar sob grande tensão, com dois terços dos cuidadores sanduíche a relatar danos nos seus casamentos ou relacionamentos pessoais.

No Reino Unido estimam-se 2,4 milhões de cuidadores sanduíche, bem como cerca de um quinto das pessoas entre os 45 e os 60 anos estejam a cuidar ativamente dos seus pais enquanto os filhos continuam a viver na sua casa. Para enfrentar este desafio crescente, a Carers UK está a apelar aos serviços de cuidados e aos empregadores para se adaptarem urgentemente a esta mudança na estrutura da vivência familiar.

Heléna Herklots, Diretora Executiva da Carers UK afirma: “Numa população envelhecida, cuidar dos idosos ou entes queridos incapacitados é inevitável em qualquer família. Os serviços de apoio e os empregadores têm de acompanhar esta nova realidade na estrutura familiar. Atualmente, a maioria das famílias não consegue aceder ao apoio de que necessitam e encontram-se esmagadas entre cuidar dos filhos menores, cuidar dos pais idosos e trabalhar, enquanto sofrem pressão de todos os lados e sentem as suas finanças, carreiras e relações pessoais a serem atingidas.”

Mais de metade dos cuidadores (54%) divide-se entre o trabalho e cuidar dos filhos e dos parentes idosos, e um terço teve de desistir de trabalhar para conseguir enfrentar as exigências desta duplicidade de papéis. As mulheres são quatro vezes mais propensas do que os homens a deixar de trabalhar para serem cuidadoras.

Entre aqueles que continuam a trabalhar, um em cada cinco (22%) vê os seus empregos serem prejudicados pelo o stress, cansaço e sucessivos atrasos. Um em cada oito (13%) reduziu o seu horário de trabalho e 7% teve de mudar para um emprego menos qualificado.

A Carers UK está a apelar a uma reforma urgente do serviço de apoio social, a medidas de estímulo, a uma nova geração de serviços de cuidados acessíveis, ao uso efetivo da tecnologia para apoiar as famílias que se dividem entre o trabalho e a responsabilidade de ter uma pessoa a seu cuidado e ao aconselhamento e informação para que as famílias acedam facilmente aos apoios disponíveis.

 

O relatório completo – Sandwich Caring – pode ser descarregado aqui (em inglês).

Abaixo encontra ligações que o ajudarão a compreender melhor a prestação de cuidados e a gerir o stress:

  • Se está a visitar este site pela primeira vez, consulte a página Cuidar de um idoso, escolha a doença que lhe interessa e depois os cuidados adequados à mesma.
  • Visite a página Cuidar de si. Aqui irá encontrar conselhos para gerir o stress, exercitar-se e manter-se ativo, bem como conciliar o trabalho com a prestação de cuidados.
  • Escolha a língua e procure os serviços de apoio disponíveis no seu país.
  • Veja se há uma opção de apoio online no seu país e, caso haja, não hesite em enviar um e-mail para marcar um chat de vídeo com a organização nacional de cuidados.

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